quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Uma longa jornada - matéria do www.terra.com.br

Não há um cálculo exato de quantas pessoas foram seriamente feridas no dia do ataque.
Dos US$ 7 bilhões distribuídos pelo Fundo de Compensação às Vítimas de 11 de Setembro, do governo federal, US$ 6 bilhões foram destinados a famílias de vítimas fatais do World Trade Center, do Pentágono e do avião que caiu na Pensilvânia
O US$1 bilhão restante foi para os feridos. A maioria deles eram bombeiros e a maior parte dos pagamentos foi para as vítimas de doenças respiratórias. Para as vítimas de queimaduras, foram destinados 40 dos 2.680 pagamentos a feridos. Dezoito pessoas com queimaduras de maior gravidade foram levadas para o hospital New York-Presbyterian. Doze delas sobreviveram.
Alguns, como Manning e Harry Waizer, ambos funcionários da Cantor Fitzgerald, recuperaram o senso de equilíbrio. Para outros, como Elaine Duch, que era assistente administrativa sênior do departamento imobiliário da comissão de transportes de Nova York e Nova Jersey, a vida antes e depois do ataque tem uma demarcação clara.
Duch, 56 anos, se afastou dos velhos amigos, em parte porque, como ela afirmou, "nunca mais serei a Elaine que costumava ser." De seus amigos atuais, Duch disse, "bom, veja só, eles não me conheciam antes, eles só me conhecem como a pessoa que se feriu."
Hoje em dia, ela vai até a costa de Nova Jersey com sua irmã gêmea e uma mulher que a viu no noticiário e lhe enviou cartões e cartas todos os dias durante os cinco meses em que passou na reabilitação.
Ela não pode mais dirigir porque suas mãos são muito fracas e ela se assusta com facilidade. Ela evita zíperes, botões pequenos e não abre caixas de cereal. Ela sofre no verão e no inverno porque sua pele queimada não tolera calor nem frio.
"Me sentia jovem quando tudo aconteceu e agora me sinto velha," Duch disse. "Sinto como se minha vida no passado tivesse sido outra."
Como não pode mais trabalhar, é como se sua alma profissional continuasse assombrando os andares da Torre Norte, onde ela estava quando as chamas atingiram o prédio; ela conseguiu descer, apenas para receber os últimos sacramentos de um padre assim que saiu do edifício. "Ainda estou presa no 88º andar," ela disse. "Lá é meu escritório."
Seus dias são preenchidos basicamente pela fisioterapia e psicoterapia. Duch agora pinta, segundo ela, numa busca por sua beleza interior. Ela vendeu sua casa e comprou um apartamento em Bayonne, Nova Jersey. Ela tingiu seu cabelo loiro de preto.
"Fico feliz em comemorar cada aniversário," Duch disse. "Nunca, mas nunca mesmo, voltarei a ser a Elaine que era, mas eu poderia ter morrido aos 49."
Diferente de Duch, Waizer, voltou a trabalhar como advogado fiscal na nova matriz da Cantor Fitzgerald em Manhattan. Devido aos seus ferimentos, ele reduziu o ritmo e as responsabilidades; ele não é mais o chefe do departamento fiscal, no entanto, afirmou, nunca ligou muito para títulos.
"Quando você fica no hospital o tempo que fiquei e depois em casa por mais um longo período, você pensa sobre o que quer fazer com a sua vida," disse Waizer, 57 anos, que passou cerca de dois anos e meio se recuperando de queimaduras antes de voltar para o trabalho. "Percebi depois que, embora ainda me fizesse essa pergunta, e como muitas pessoas, ela permanecerá comigo, gostava do que fazia."
Em testemunho à Comissão do 11/09 no seu primeiro dia de audiência em 2003, Waizer contou que, ao subir até seu escritório no 104º andar, sentiu uma explosão e o elevador começou a despencar. Waizer sofreu queimaduras enquanto vencia as chamas, chegou ao 78º andar e desceu até o térreo pelas escadas, vendo horror e compaixão nos rostos daqueles que o deixavam passar.
Ele tinha 5% de chance de sobreviver. Fora a dor nas costas, as cicatrizes e os danos nos nervos, Waizer recuperou o senso de normalidade física e, com um humor gentil, diferencia sua recuperação da de Manning dizendo, "nunca fui tão bonito quanto ela."
Talvez o vestígio mais notável de seus ferimentos seja sua voz suave e sussurrada, possivelmente decorrente da inalação do combustível do avião, que o deixou com "um pouco de paralisia nas cordas vocais."
Waizer vive em Edgemont, no condado de Westchester, Nova York, e tem três filhos, de 17, 19 e 20 anos. Ele disse que a experiência de 11/09 fortaleceu os laços com sua esposa, Karen, e ampliou seu senso moral. " Para mim, é mais importante ser uma boa pessoa," Waizer disse.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3171263-EI8141,00.html

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