quinta-feira, 21 de abril de 2011

Barrados nos EUA


Ontem eu li o post de uma amiga no Facebook contando que seu irmão havia sido impedido de entrar nos Estados Unidos e ainda por cima que haviam revogado o visto dele, tudo isso sem nenhuma explicação ou justificativa. Detalhe, o rapaz tem dois irmãos que são cidadãos americanos e moram aqui há 2 décadas, e este mesmo rapaz tem vindo sempre visitar os irmãos e sobrinhos de maneira legal e saindo na data correta. Aparentemente não houve nenhum motivo para o que fizeram com ele. Tão cedo ele não poderá visitar os irmãos e sobrinhos! Como isso acontece? Só aumenta meu medo de trazer meus familiares pra cá. Faz 5 anos que moro nos EUA e ninguém da minha familia jamais veio me visitar. Minha mãe é quem mais deseja vir, mas quem tem mais medo também. Simplesmente não há garantias de como irão tratá-la, ou se ela conseguirá entrar. Há pessoas que jamais enfrentam problemas, são bem tratados, mas há também os outros casos e daí...arriscar passar pelo pesadelo?

Eu compreendo que o País lida constantemente com problemas de imigrantes ilegais,terrorismo, etc e tal. Quando os oficiais da imigração impedem uma pessoa de entrar no País e invalidam os seus vistos, ao menos deveriam dar algum tipo de explicação. Eu sou o tipo de pessoa totalmente a favor de coisas legais e corretas, mas há casos e casos!

Eu nunca escrevi sobre isto antes, mas eu mesma tive a pior das experiências quando visitei este País ainda com visto de imigrante em 2004. Era quase véspera de Natal e eu e uma amiga tínhamos vindo passar o natal na Disney com Thomas - então noivo - e os filhos dele. Nós viemos pela American Airlines, tivemos uma viagem turbulenta com muitas tempestades, raios e trovões, sem poder levantar por mais de 4 horas, turbulências aos montes, este tipo de coisa. Chegamos exaustas em Miami, nossa primeira parada, mortas de sono e cansadas. Havíamos saído do Rio, parado em SP, Miami ainda não era última etapa, tinhamos que ir pra Atlanta, GA. Enfrentamos uma fila enorme e quando chegou nossa vez, o oficial pegou o passaporte de minha amiga e comentou com o rapaz trabalhando ao lado dele algo tipo "vc já viu uma foto tão feia como esta aqui?" Eu fiquei indignada, perguntei a ele porque havia dito aquilo. Pronto! Foi o suficiente para ele pedir o meu passaporte também, eu mostrei e ele disse que o visto estampado estava amarelado demais e parecia falso. Eu gelei da cabeça aos pés. Até então estava somente cansada, mas confiante que tudo estaria bem, só que o oficial - hispano, por sinal - pediu à outra oficial, uma mulher enorme, robusta e alta (cubana) que nos levasse para uma outra sala. A mulher já veio com uma atitude horrível, nos puxando pelo braço e fazendo mil perguntas em espanhol, falando super alto, quase gritando. Ela perguntou de onde nós éramos, respondemos e então ela perguntou quase gritando o que estávamos fazendo nos EUA. Eu expliquei que era turismo e ela disse que nós não éramos bem vindas, que nós éramos pobres (como ela podia falar assim?) e que iríamos voltar naquele dia mesmo ao Brasil. E não parava de gritar e falar coisas horríveis, sempre nos puxando pelo braço. Fomos levadas a uma sala onde havia um grupo de pessoas sentadas esperando alguma coisa, eu não entendia nada, e a tal mulher tb não explicava. Ficamos sentadas naquela sala, exaustas, sem saber de nossas malas, o porquê de estarmos ali e sem poder me comunicar com Thomas, que estaria esperando por nós em Atlanta. Foram horas horríveis, que custavam a passar. De vez em quando a oficial cubana voltava onde estávamos e falava várias coisas horríveis, eu nem acreditava o que estava passando. Não sabia que aquilo era possível. A tal mulher não parava de dizer que brasileiros jamais deveriam sair do Brasil (e ela, visivelmente estrangeira tb?) e que éramos pobres, abusados, etc. Depois de várias horas, sem comer, beber água ou receber qualquer explicação, chamaram nossos nomes. Fomos até um outro oficial, desta vez americano, que pediu para ver nossos passaportes. Eu mostrei o meu primeiro e minha amiga chorava sem parar....eu estava me mantendo forte para tentar esclarecer a situação. Expliquei o que havia acontecido. O oficial ouviu, checou o passaporte folha por folha, olhou pra mim várias vezes, e por fim disse que não havia motivo algum para estarmos ali. Que não havia nada errado com nossos vistos ou conosco, e que provavelmente haviam nos enviado pra lá por engano. Só sei que respirei profundamente quando ouvi aquilo. Daí ele disse que nos daria 6 meses de estada no País e nos dispensou. Eu nem acreditei, só ali eu consegui chorar depois de passar por tanta coisa, fora a fome, sede, cansaço, sono e medo, claro. Quando fomos liberadas, a tal cubana voltou e disse que havíamos tido muito sorte aquele dia. Eu nem olhei pra ela, segui em frente! Pegamos nossa conexão pra Atlanta em cima da hora, e só então pudemos descansar um pouquinho no voo para Atlanta.

Foi uma experiência horrível, que eu não desejaria para ninguém. Ainda lembro de todos os detalhes e também do rosto do primeiro oficial que nos tratou mal na fila e q nos mandou para a outra oficial, que não parava de gritar e falar mal dos brasileiros. Lembro dos dois perfeitamente. Às vezes penso que gostaria de saber onde eles estão agora, gostaria que eles soubessem que me tornei cidadã americana e que eles jamais poderiam tornar a fazer o que fizeram comigo e com minha amiga, que é portadora de greencard atualmente. Tudo muito absurdo, embora tenha ficado no passado, ainda me traz pesadelos quando lembro. Por isso fiquei tão revoltada com o que minha amiga escreveu a respeito do irmão dela, que apenas queria visitar a irmã e o sobrinho e que jamais havia feito nada errado em inúmeras viagens anteriores aos EUA.

Nem posso pensar em contar isto para minha mãe, que já tem medo de viajar sozinha pra cá, imagine se souber que continuam tratando as pessoas desta maneira! Revoltante.

5 comentários:

Eu disse...

Vc deveria ter reclamado ou feito algum tipo de denúncia contra esses agentes da imigração, pq de acordo com o q vc contou, eles não só fizeram uso indevido de poder, como tb racismo contra vcs duas. Eu ñ teria deixado barato. Não é pq estou visitando como turista, q aceitaria ser tratada como cachorro. Todos temos nossos direitos, independente da nacionalidade.
Bjs

Nani disse...

Nossa Debora que coisa menina!! Eh nessas horas que seria otimo que viajassemos com um gravador no bolso ligado neh (passando pela imigracao), jah pensou se tivesse gravado como eles te trataram??? Poderia ter denunciado eles e ainda processado, ainda mais aqui que tudo funciona a base de processos. Eh fogo neh??/ Eu jah passei por umas parecidas (nao tao intensa assim) mas eu jah tinha meu Green Card, e a primeira vez que voltei ao Brasil pra visitar minha familia quando peguei o Green Card e tava entrando aqui nos EUA de volta, passando pela imigracao, o official olhou pro meu GC, depois pra mim, com olhar de desconfianca sabe, e perguntou: "onde voce conseguiu esse Green Card??"
NOOOOSSA a vontade que eu tive foi de dizer: "Paguei 10 mil dolares por ele"
Mas tive que manter a calma neh. Aih falei que foi atraves do meu marido que eh cidadao Americano. Aih ele continuou olhando com aquela cara de desconfiado e perguntou:
"Onde voce conheceu seu marido?"
Aiiii.

Aih jah tava perdendo as estribeiras neh e falei bem assim (mas super educadamente):
"engracado, eles jah me fizeram essa pergunta na entrevista pro Green Card mas se voce tb ta curioso (dei um sorrisinho falso), foi na internet"

Aih olha o que ele fala:

"Ah, todo mundo agora ta arrumando par na internet neh?"

Eu logo respondi: "Eh, e funciona, voce deveria tentar tambem"
Nao sei da onde tirei coragem pra falar aquilo, mas falei com aquele sorriso MEIGO sabe, haha, aih pronto, ele me deixou entrar.

DESAFORO!!!! Tem uns que vao trabalhar com o ovo virado jah neh. Tb to super feliz de jah ter a cidadania!

Debora Rocha Muscutt. disse...

Eu - quem será Eu?! *risos*
Bem, quando a gente tá na fase de processar os mil documentos após casamento para estar legal aqui, é bem complicado fazer este tipo de denúncia. Mesmo assim eu fiz para um amigo nosso cuja filha trabalha para o governo neste setor. Ela disse que iria tratar do caso e eu venho esperando a resposta há 5 a nos...a verdade é que não deu em nada. E eu concordo plenamente com vc sobre, mas na época fiquei com medo de me revoltar e acabar indo pra cadeia, pq eles teriam como fazer isso facilmente. Preferi não arriscar.

Debora Rocha Muscutt. disse...

É verdade, Nani, teria sido perfeito ter gravado tudo que aconteceu, mas como a gente vai saber, né? Eu nunca imaginei que fosse passar por aquilo. Desde que eu não tivesse feito nada errado e estivesse com docs certos...esta era minha opinião. Quis defender minha amiga que achei que foi insultada e deu no que deu (ele falou em Ingles e ela não sabia falar Ingles na época portanto não entendeu). Achei o que fizeram contigo um absurdo tb. Infelizmente muitas vezes a gente tem que engolir a vontade de dizer o que pensa pq infelizmente eles tem 'autoridade' pra fazer, certas coisas, inclusive acusações sérias. Na dúvida, melhor não arriscar, mas gostei do que vc respondeu, pq o tal oficial deve ter entendido sua ironia : )
Infelizmente isso só aumenta meu medo em trazer meus familiares pra cá. Sabe-se lá o que vão enfrentar...é outra loteria, a chegada aqui. E sim, este foi um dos motivos pelos quais eu quis a cidadania...

Gisley Scott disse...

Débora, eu vou te dizer uma coisa, por incrível que pareça tem muita gente hispana que não gosta da gente, o pq eu não sei...Essa mulher é uma ridícula, quem ela pensa que é? Pra cagar ela tem que sentar no vaso que nem a gente, ouras! Uma mal amada isso sim.

Espero que isso nunca mais aconteça com vc...

Grande abraço.

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